domingo, 31 de agosto de 2014

Uma mudança necessária na identidade brasileira...

Como dito na aula 10 de Identidades e Culturas a identidade é socialmente construída, a partir do momento em que a figura do "outro" é essencial para dizer quem sou. Ser reconhecido pelo que é é o objetivo de qualquer pessoa.  No entanto, essa alteridade (como definido em aula: capacidade de reconhecer o outro) nem sempre é real. O que quero dizer é que que esse reconhecimento, em inúmeras situações, é falacioso. O vídeo abaixo demonstra isto:


As pessoas são reconhecidas por rótulos que a sociedade as impõe. O Brasil, sendo um país tão plural não deve aceitar tais rótulos. Afinal, a identidade de ninguém pode ser rotulada.
Além de uma rotulação fajuta que acontece, há, com essa falaciosa alteridade, uma cristalização das desigualdades.
E cai entre nós: nenhuma desigualdade deve ser aceita! Como o dito de uma camiseta que tenho há anos: "cada um cada um". Somos singulares, em cada detalhe mostramos nossas diferenças e nem por isso devemos ser tratados como desiguais.
Como ideia central deste blog, de que o território é um campo de forças, uma teia de rede de relações sociais projetadas no espaço, pode-se dizer que se o não reconhecimento do outro, isto é, se as relações sociais que qualificam os indivíduos como desiguais continuarem a serem projetadas no Brasil, pouca esperança há de o preconceito, comumente visto, irá desaparecer,
Faz-se necessária novas posturas, novos reconhecimentos, novas relações sociais que façam com que isto acabe! Mudar a identidade dos brasileiros é mudar o Brasil!

Performances em combate: PU x IC

Talvez dos conflitos que tenha escrito no Identidades Flutuantes, esse seja o mais curioso e polêmico...
Em um belo dia, os encontros de Identidades e Culturas (IC) receberam uma notificação da Prefeitura Universitária (PU) que dizia:
"Prezada Profª Andrea, bom dia.
A Prefeitura Universitária, no cumprimento de suas atribuições, reitera o pedido para que não sejam afixados materiais ou conteúdos de aulas em locais não projetados para isso, tais como paredes, portas, placas, painéis, batentes, caixilhos e congêneres. Para tanto, dispomos de displays; esses podem ser solicitados a qualquer momento à equipe de zeladoria da UFABC. A utilização de fita adesiva de qualquer espécie com essa finalidade acaba por danificar os acabamentos e texturas. Esses danos demandam serviços de limpeza e reparos, geram custos e comprometem a estética. As fotos que seguem anexas (após atividades no térreo do Bloco Beta) ilustram e justificam o nosso pedido reiterado.
Contamos com a sua colaboração, nos mantendo à disposição para auxiliá-la nessa ou em qualquer outra questão que possa otimizar a realização de oficinas e atividades coletivas em áreas comuns de nossos campus universitários."

A performance da PU estava clara: seu comportamento era brecar a nossa performance! Afinal, os encontros não existiam sem aquele comportamento expressivo dos grupos. A fita adesiva estava a serviço das pessoas para que elas mostrassem quem elas eram e o intuito delas naquele espaço, naquele momento. Ou seja, a identidade das pessoas se dava muito pelo uso da fita adesiva, afinal, todos sentiam que pertenciam ao mesmo grupo ao expor suas ideias!
Ademais, a identidade daquele espaço estava sendo modificado com as intervenções feitas pela gente. Como dito em outra publicação: os espaços precisam ser humanizados e aferir novos significados para as pessoas que ali estão. Como consta na resposta da educadora Andrea Paula, nós não queremos que ali seja apenas um lugar se passagem ou, ainda, um "não-lugar". Nosso dever foi dar significados para aquele ambiente e sem a fita essa missão seria impossível!
Torço para que a PU apresente outras performances daqui para frente e seja coerente com a Universidade do século XXI que se propõe no Projeto Pedagógico da UFABC.
Vamos humanizar os espaços públicos!



As marcas de uso dos locais são muito mais significativas do que a imutabilidade de sua estética! Que o "mal uso" da fita adesiva se espalhe!

sábado, 30 de agosto de 2014

Conflito identitário pessoal: Método tradicional x Andrea Paula

Primeiramente, como a maioria das pessoas, venho de um sistema tradicional de ensino. Sendo assim, estudei desde o famoso jardim de infância até o fim do ensino médio em um sistema tradicional. Até então, as minhas aulas se baseavam no famoso GLS - Giz, Lousa e Saliva - dos professores, além de um sistema típico de avaliação: professor expunha conteúdo e, a seguir, aplicava uma "atividade avaliativa", vulgo prova. Até aí, nenhuma novidade para vocês e nem para mim.
No entanto, neste quadrimestre me deparei com uma novidade nebulosa em meus estudos: a liberdade. Sempre, sempre mesmo, os objetos de estudos eram dados a mim como coisas "imutáveis", como algo que eu fosse obrigado a aprender daquele jeito e ponto. Já nesse quadrimestre que me encontro isso mudou... A liberdade de ensino e aprendizagem proposta pela educadora de Identidades e Culturas, Andrea Paula, era algo que eu nunca tinha vivenciado.
Admito que estranhei, que senti dificuldade e até mesmo rejeição á essa proposta. Achava que não conseguiria aprender algo sem um professor "cuspindo" (em referência ao elemento saliva do método tradicional) conceitos em mim, sem ordens expressas e prazos estabelecidos e rígidos. Mas, surpreendentemente, cá estou eu fazendo uma "atividade" de Identidades e Culturas por livre e espontânea vontade! Em todas a semanas participei das aulas, sendo com intervenções; como cartazes e entrevistas; levando coisas para o café ou ainda participando de conversas com os demais alunos que tornaram esta experiência ainda mais interessante!
Acredito que a identidade e os métodos da educação brasileira devem ser revistos. Afinal, quantos casos não ouvimos de pessoas que abandonaram a escola por não se encontrem dentro dela, isto é, não sentir que a identidade da escola conversa com  a sua própria identidade?
Vencer essas barreiras é fundamental e expandir a identidade do ensino para outras vias, como a educação libertária, é a chave para os desafios que estão por vir!

Olha eu aí trabalhando na aula!

Interferências identitárias no meio urbano

Nos encontros de Identidades e Culturas sempre temos disponíveis materiais diversos para servirem como fonte para nossas vivências. Em um desses materiais; mais especificamente na Revista SESC, número 11; encontrei uma matéria que despertou meu interesse e que dará vida à esta postagem!
O nome desta matéria é "Interferências Poéticas" e descreve inúmeras interferências no território urbano, como peças teatrais de rua, esculturas, enfim, exposições artísticas em lugares, muitas vezes, marginalizados. Por exemplo, a interferência de Eduardo Srur, um artista plástico paulistano que se destaca com interferências urbanas que suscitam reflexões sobre o meio ambiente e o cotidiano nas metrópoles. Abaixo, uma imagem da obra Cataventos, na Cracolândia:

É evidente que tais intervenções modificam a identidade dos locais. Afinal, as pessoas que cotidianamente passavam apressadas e temerosas pela Cracolândia passaram a observar mais atentamente o local, a dar mais atenção e perceber que ali também é, igualmente a outros locais, um pedacinho cheio de singularidades de SP. Como afirma o professor de Sociologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Laymert Garcia dos Santos: "Todo tipo de intervenção tem um efeito sobre os habitantes da cidade. É preciso, principalmente em grandes cidades como São Paulo, cuja desumanização é muito grande, haver iniciativas que façam com que o sujeito estabeleça uma nova ligação com o meio".
Viva intervenções na identidade dos locais, viva a flutuação de identidades e viva a humanização dos espaços urbanos!