terça-feira, 2 de setembro de 2014

Como você expressa sua identidade na UFABC?

O projeto Meu Cep Flutuante, com o intuito de humanizar os espaços da Universidade, propôs a seguinte provocação: “Como você expressa sua identidade na UFABC?” Com esta intervenção poética, visamos constatar como algumas pessoas se relacionam com a UFABC, isto é, como se dá a relação espaço físico e identidade e como são os seus sensos de pertencimento à Universidade.

Abaixo, imagens que ilustram o resultado de tal provocação:
















Como visto, as pessoas manifestam a sua identidade de diversas maneiras na UFABC. As pessoas podem se identificar ao participar de grupos como o Grupo de Estudos Bíblicos (GEB), dando aulas, conversando com os seus amigos e expondo suas ideias, com as suas roupas, competindo por CRs maiores, estudando muuuuito, participando de projetos de extensão, se locomovendo de bicicleta e de inúmeros outros jeitos.

Essa pluralidade de identidades na UFABC retrata como o espaço da Universidade é heterogêneo, possui singularidades e está aberto para a performance dos mais diversos tipos de identidades.

O que os encontros de Identidades e Culturas mostraram é como a ocupação e transformação dos locais é importante para uma sociedade que esta enfrentando um esvaziamento de sentido das coisas. (Re)Significar ambientes com as identidades é fundamental para que a vivacidade dos espaços seja mantida. Para que nós, como seres humanos, não sucumbamos a desumanização dos locais Intervir e estabelecer novas relações com o meio é fundamental, principalmente em uma Universidade, onde o aprendizado nunca tem fim.

PS: Post feiot em parceira com o blog coletivo Meu Cep Flutuante!

TESTE: A qual estado brasileiro você pertence?!

“Quantas vezes você já ouviu falar que o Brasil é um continente? E é a mais pura verdade… afinal cada um dos nossos 27 estados tem uma característica, um gosto e uma cultura muito própria! Nosso país é um emaranhado de gente de todo tipo!“.

Esta assertiva no inicio do teste descreve, claramente, a conexão de identidades com o território (neste caso, os estados brasileiros). Com a proposta do Meu Cep Flutuante de estabelecer relações evidentes entre identidades e espaços, analisamos a conexão entre a identidade das pessoas e os estados brasileiros aplicando um teste bem simples e divertido!

Abaixo, dois vídeos da aplicação destes testes:

Entrevistado: Gustavo Lima


Entrevistado: Guilherme Lourenção


No decorrer das entrevistas, por meio das respostas, pode-se observar os trejeitos da identidade de cada um. Por mais que essas observações não correspondam a totalidade da identidade dos entrevistados, podemos constatar sentidos de pertencimento e de localização no tempo e no espaço e em referência a um ou vários grupos (definição de identidade).

As respostas mostravam certo senso de pertencimento a determinados estados brasileiros e o resultado do teste se mostrou tanto preciso; como no caso do Gustavo Lima, em que ele vinculou sua identidade ao estado de São Paulo sem saber o resultado do teste e acertou; como também surpreendente; como no caso do Guilherme Lourenção, que demonstrou não gostar muito do Rio de Janeiro, mas mostrou algumas posições que o fazem pertencer a este estado.
 
É incrível como esta noção de identidade atrelada ao substrato físico está presente no nosso cotidiano. Para quem se locomove todos os dias, como eu, isto está ainda mais nítido. A minha performance, isto é, o jeito pelo qual minha identidade é apresentada, varia de acordo com o local que me encontro. Na Universidade, tenho uma postura performática de uma determinada maneira, enquanto, ao chegar na minha pequena cidade (mais especificamente na minha “vila”) faço outras performances. Tudo isso devido ao outro. A alteridade que possibilita essa flutuabilidade. Afinal, somente com o reconhecimento do outro (tanto o “outro indivíduo” como o “outro local”) é que consigo construir minhas identidades.

Faça você também o teste e quem sabe uma surpresa o aguarda! A sua identidade é multifacetada e, as vezes, um teste como este pode te mostrar um lado dela que você desconhecia!

Link para o teste: http://migre.me/lpTOG

PS: Post feito em parceira com o blog coletivo

domingo, 31 de agosto de 2014

Uma mudança necessária na identidade brasileira...

Como dito na aula 10 de Identidades e Culturas a identidade é socialmente construída, a partir do momento em que a figura do "outro" é essencial para dizer quem sou. Ser reconhecido pelo que é é o objetivo de qualquer pessoa.  No entanto, essa alteridade (como definido em aula: capacidade de reconhecer o outro) nem sempre é real. O que quero dizer é que que esse reconhecimento, em inúmeras situações, é falacioso. O vídeo abaixo demonstra isto:


As pessoas são reconhecidas por rótulos que a sociedade as impõe. O Brasil, sendo um país tão plural não deve aceitar tais rótulos. Afinal, a identidade de ninguém pode ser rotulada.
Além de uma rotulação fajuta que acontece, há, com essa falaciosa alteridade, uma cristalização das desigualdades.
E cai entre nós: nenhuma desigualdade deve ser aceita! Como o dito de uma camiseta que tenho há anos: "cada um cada um". Somos singulares, em cada detalhe mostramos nossas diferenças e nem por isso devemos ser tratados como desiguais.
Como ideia central deste blog, de que o território é um campo de forças, uma teia de rede de relações sociais projetadas no espaço, pode-se dizer que se o não reconhecimento do outro, isto é, se as relações sociais que qualificam os indivíduos como desiguais continuarem a serem projetadas no Brasil, pouca esperança há de o preconceito, comumente visto, irá desaparecer,
Faz-se necessária novas posturas, novos reconhecimentos, novas relações sociais que façam com que isto acabe! Mudar a identidade dos brasileiros é mudar o Brasil!

Performances em combate: PU x IC

Talvez dos conflitos que tenha escrito no Identidades Flutuantes, esse seja o mais curioso e polêmico...
Em um belo dia, os encontros de Identidades e Culturas (IC) receberam uma notificação da Prefeitura Universitária (PU) que dizia:
"Prezada Profª Andrea, bom dia.
A Prefeitura Universitária, no cumprimento de suas atribuições, reitera o pedido para que não sejam afixados materiais ou conteúdos de aulas em locais não projetados para isso, tais como paredes, portas, placas, painéis, batentes, caixilhos e congêneres. Para tanto, dispomos de displays; esses podem ser solicitados a qualquer momento à equipe de zeladoria da UFABC. A utilização de fita adesiva de qualquer espécie com essa finalidade acaba por danificar os acabamentos e texturas. Esses danos demandam serviços de limpeza e reparos, geram custos e comprometem a estética. As fotos que seguem anexas (após atividades no térreo do Bloco Beta) ilustram e justificam o nosso pedido reiterado.
Contamos com a sua colaboração, nos mantendo à disposição para auxiliá-la nessa ou em qualquer outra questão que possa otimizar a realização de oficinas e atividades coletivas em áreas comuns de nossos campus universitários."

A performance da PU estava clara: seu comportamento era brecar a nossa performance! Afinal, os encontros não existiam sem aquele comportamento expressivo dos grupos. A fita adesiva estava a serviço das pessoas para que elas mostrassem quem elas eram e o intuito delas naquele espaço, naquele momento. Ou seja, a identidade das pessoas se dava muito pelo uso da fita adesiva, afinal, todos sentiam que pertenciam ao mesmo grupo ao expor suas ideias!
Ademais, a identidade daquele espaço estava sendo modificado com as intervenções feitas pela gente. Como dito em outra publicação: os espaços precisam ser humanizados e aferir novos significados para as pessoas que ali estão. Como consta na resposta da educadora Andrea Paula, nós não queremos que ali seja apenas um lugar se passagem ou, ainda, um "não-lugar". Nosso dever foi dar significados para aquele ambiente e sem a fita essa missão seria impossível!
Torço para que a PU apresente outras performances daqui para frente e seja coerente com a Universidade do século XXI que se propõe no Projeto Pedagógico da UFABC.
Vamos humanizar os espaços públicos!



As marcas de uso dos locais são muito mais significativas do que a imutabilidade de sua estética! Que o "mal uso" da fita adesiva se espalhe!

sábado, 30 de agosto de 2014

Conflito identitário pessoal: Método tradicional x Andrea Paula

Primeiramente, como a maioria das pessoas, venho de um sistema tradicional de ensino. Sendo assim, estudei desde o famoso jardim de infância até o fim do ensino médio em um sistema tradicional. Até então, as minhas aulas se baseavam no famoso GLS - Giz, Lousa e Saliva - dos professores, além de um sistema típico de avaliação: professor expunha conteúdo e, a seguir, aplicava uma "atividade avaliativa", vulgo prova. Até aí, nenhuma novidade para vocês e nem para mim.
No entanto, neste quadrimestre me deparei com uma novidade nebulosa em meus estudos: a liberdade. Sempre, sempre mesmo, os objetos de estudos eram dados a mim como coisas "imutáveis", como algo que eu fosse obrigado a aprender daquele jeito e ponto. Já nesse quadrimestre que me encontro isso mudou... A liberdade de ensino e aprendizagem proposta pela educadora de Identidades e Culturas, Andrea Paula, era algo que eu nunca tinha vivenciado.
Admito que estranhei, que senti dificuldade e até mesmo rejeição á essa proposta. Achava que não conseguiria aprender algo sem um professor "cuspindo" (em referência ao elemento saliva do método tradicional) conceitos em mim, sem ordens expressas e prazos estabelecidos e rígidos. Mas, surpreendentemente, cá estou eu fazendo uma "atividade" de Identidades e Culturas por livre e espontânea vontade! Em todas a semanas participei das aulas, sendo com intervenções; como cartazes e entrevistas; levando coisas para o café ou ainda participando de conversas com os demais alunos que tornaram esta experiência ainda mais interessante!
Acredito que a identidade e os métodos da educação brasileira devem ser revistos. Afinal, quantos casos não ouvimos de pessoas que abandonaram a escola por não se encontrem dentro dela, isto é, não sentir que a identidade da escola conversa com  a sua própria identidade?
Vencer essas barreiras é fundamental e expandir a identidade do ensino para outras vias, como a educação libertária, é a chave para os desafios que estão por vir!

Olha eu aí trabalhando na aula!

Interferências identitárias no meio urbano

Nos encontros de Identidades e Culturas sempre temos disponíveis materiais diversos para servirem como fonte para nossas vivências. Em um desses materiais; mais especificamente na Revista SESC, número 11; encontrei uma matéria que despertou meu interesse e que dará vida à esta postagem!
O nome desta matéria é "Interferências Poéticas" e descreve inúmeras interferências no território urbano, como peças teatrais de rua, esculturas, enfim, exposições artísticas em lugares, muitas vezes, marginalizados. Por exemplo, a interferência de Eduardo Srur, um artista plástico paulistano que se destaca com interferências urbanas que suscitam reflexões sobre o meio ambiente e o cotidiano nas metrópoles. Abaixo, uma imagem da obra Cataventos, na Cracolândia:

É evidente que tais intervenções modificam a identidade dos locais. Afinal, as pessoas que cotidianamente passavam apressadas e temerosas pela Cracolândia passaram a observar mais atentamente o local, a dar mais atenção e perceber que ali também é, igualmente a outros locais, um pedacinho cheio de singularidades de SP. Como afirma o professor de Sociologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Laymert Garcia dos Santos: "Todo tipo de intervenção tem um efeito sobre os habitantes da cidade. É preciso, principalmente em grandes cidades como São Paulo, cuja desumanização é muito grande, haver iniciativas que façam com que o sujeito estabeleça uma nova ligação com o meio".
Viva intervenções na identidade dos locais, viva a flutuação de identidades e viva a humanização dos espaços urbanos!

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Conflito de performance: Virtual X Real

     Caros leitores, é sabido que estamos inseridos em uma sociedade tecnocientífica. É conhecido também que por estarmos inseridos nesta sociedade, sofremos impactos inescapáveis das aplicações tecnológicas. Atualmente, é raro encontrar alguém que não tenha um celular em mãos. E mais raro ainda encontrar quem não tenha acesso à internet por meio deste dispositivo, principalmente entre os jovens.
     Pois bem, é inegável a comodidade e os benefícios que tal tecnologia nos fornece. Talvez, por serem tão evidentes e atrativos, os benefícios se sobrepõem a qualquer tipo de maleficio ou de aspecto negativo presente na utilização de celulares... E é aí que mora o perigo!
     Neste post, quero tratar o conflito performático que existe entre dois territórios que são distintos, mas que coexistem: o virtual e o real. Expressamos diferentes identidades em cada território, afinal, em cada local temos o nosso senso de pertencimento. Mas e quando a sociabilidade virtual interfere na real? Isto é, e quando sua performance do mundo concreto é abalada pela virtual? Há a criação de um paradoxo, em que aquilo que aproxima e comprimi as distâncias, ao mesmo tempo cria barreiras e dificulta a criação de identidades. Afinal, só podemos criar nossas identidades a partir do outro, pois é a partir do contato com o outro que decidiremos que parte da nossa identidade manifestar, representar e etc... Mas e quando o outro está e não está ao seu lado? Como devemos nos manifestar? Como devemos expressar o nosso comportamento? Sendo assim, a nossa performance fica limitada, fica perdida. A imagem abaixo retrata reuniões com as mesmas pessoas em épocas distintas e como a sociedade tecnocientífica abalou as relações identitárias entre os indivíduos:
     Isolados em suas ilhas virtuais cada pessoa restringe a sua performance no mundo concreto. O dinamismo das identidades fica comprometido à aquilo que é exposto do mundo virtual. A flutuação identitária decorre daquilo que vemos e absorvemos das nossas """"redes sociais"""". Um exemplo de fácil constatação deste impacto da sociabilidade virtual na performance do mundo real é o humor do individuo. Isto é, frequentemente, observamos as pessoas sorridentes e alegres na companhia de seu celular. Mas o ponto é: e quando a bateria se esgota? O sorriso e a alegria também se esgotam, enquanto o desespero e a tristeza afloram e impactam diretamente nas relações com as identidades que estão, de fato, ao seu redor. A expressão do seu comportamento, ou seja, a sua performance são alteradas.
      Para não concluir, reescrevo a expressão "capitalismo e esquizofrenia" muito dita pela minha professora em sala de aula, como "virtualismo e esquizofrenia". Nem todos os zigzags identitários são absolutamente bons. Não saber dosar a alternância e o dinamismo do zigzag virtual x real implica em criação de divisas (intransponíveis). O virtual se torna esquizofrênico na medida em que pressupõe fim das distâncias, mas cria barreiras imensas..................


Em tempo:
Fonte da imagem: http://marketingnacozinha.com.br/2011/10/a-evolucao-dos-bares/

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Conflito Identitário I - Bernardo vs André

     Foi no campus de São Bernardo do Campo (SBC) que iniciei minha vida na UFABC. Lá recebi meu trote, frequentei a primeira aula, fiz os meus amigos, comi no RU pela primeira vez... enfim, tudo da minha vida universitária foi feito neste campus da UFABC (bem verdade que a minha matricula foi feita no campus de Santo André (SA), mas isso não vem ao caso...). Logo, tomando a definição de identidade como "sentido de pertencimento e de localização no tempo e no espaço e em referência a um ou vários grupos" podemos concluir que a identidade de quem vos escreve é totalmente são-bernardense!
     Sempre relutei em ir ao campus de SA, achava aquilo tudo muito cinza, com uma estrutura um pouco industrial, com algo hospitalar. Diferente de SBC, com árvores, com espaços para circulação que não um "piso vermelho", sem catracas. Minha definição para os campi era claramente: um tem vida, o outro não. E a partir disto defini, por mais que inconscientemente, que evitaria ao máximo ir ao campus sem vida.
     Aí chegou o momento que a definição precisou ser quebrada: reunião em SA que tinha que comparecer. Não queria ir de jeito nenhum, muito mais sozinho. Achava que ia acabar sendo engolido pelo vermelho daquele piso. Consegui chamar dois amigos de SBC para irem comigo lá, afim de levar vida junto comigo. Passar pela catraca já foi algo difícil, nunca gostei desse controle... No entanto, a partir do momento que girei aquela catraca, parece que tudo mudou. A "vida" que não conseguia identificar do lado de fora daquele prédio cinza estava concentrada do lado de dentro e o girar da catraca me mostrou isso.
     Pufs e atividades de circo foram o que mais me chamaram a atenção. Em cada puf sentia energias diferentes (por mais que tenha sido definido como uma ilusão, uma ilha isolado por um colega em sala de aula). Pessoas jogando cartas, jogos de tabuleiro, rindo e conversando. Ao olhar para frente me deparo com diversos tipos de malabares e monociclos (disponíveis para qualquer um). Fiquei pasmo por alguns segundos e até mesmo maravilhado com o que estava vendo. Enfim, a vida de SA foi encontrada por mim. Demorou (um ano), mas agora não só Bernardo, mas também André sorri para mim.
     No fundo, minha identidade era são-bernardense pelo fato de lá eu sempre ter o "sentido de pertencimento", por achar lá tão vivo. No momento que vi que SA também possuí vida e não apenas corpos isolados, comecei a me identificar. Primeiro conflito identitário resolvido: Bernardo e André caminham juntos, em um senso de pertencimento que encaixa confortavelmente na minha subjetividade.

Minha identidade flutuou
da dicotomia entre SA e SBC
para a união em apenas uma UFABC.